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DISCURSO DE PADRINHO (Cerimónia de Graduação na Escola superior de Relações Internacionais)

Por

Florentino Dick Kassotche



Saudações diplomáticas para todos os presentes. Gostaria de agradecer, antes de mais, por ser o escolhido para padrinho desta graduação. Uma das razões dessa escolha é por ser, presumo, ex-estudante do Instituto Superior das Relações Internacionais, que agora é Universidade Joaquim Chissano. Para além de uma conversa motivacional, venho aqui representar os estudantes dos primeiríssimos dois grupos, que fundaram esta ESCOLA de pensamento diplomático moçambicano.

ISRI passou a ser UJC. Houve mudança de nome, e por alguma necessidade e imperatividade se fez isso. Permitam-me partilhar convosco uma história pessoal, ligado aos nomes, e através dela ilustrar a beleza das nossas tradições que estão sendo esquecidas e enterradas por nós próprios e, ao mesmo tempo, fazer uma reflexão sobre os nomes, seus significados, sua inserção sócio-cultural. Seu valor no panorama internacional.

Nasci em Mutarara. Falo a língua SENA, e na minha tradição, querendo ser tradicionista convicto, quando uma criança nasce, é-lhe dado um nome. Um nome que tem um significado mediante as circunstâncias da sua nascença. Aos meus dois filhos, dei nomes que se inserem na cosmografia africana. Ao rapaz dei o nome de Maendaenda, que significa itinerante, andante, caminhante.

Porquê esse nome, Maendaenda?

A minha esposa ficou grávida quando eu estava numa missão diplomática, na Indonésia. Quando a gravidez estava no seu sétimo mês, por imperativos de serviço, eu fui transferido para outro país, Etiópia. Cheguei a Addis Abeba e deparei-me com uma realidade completamente diferente da Indonésia e de Moçambique. Addis Abeba de 2001, 2002, 2003 era completamente diferente da de hoje. Nessa altura, os carros tinham que esquivar animais em plena cidade. Em Kotobe, uma das zonas da Addis Abeba em que vivi, escutava, à noite, ruivos de hienas, hienas verdadeiras. Não havia uma fronteira delimitada entre a cidade e o mato, em termos de convivência homem-animal. E inspirando-me a partir da realidade etíope desse tempo, poderia afirmar que as nossas cidades africanas o são de nome, que carregam consigo muitos mistérios das nossas aldeias de nascimento, muita tradição inimaginável, muita ciência oculta.

A escola de diplomacia tinha-me preparado para me adaptar em qualquer e a qualquer circunstância e fi-lo em Addis Abeba, perante realidades anómalas e vicissitudes incontornáveis.

Eu tinha sido mandado para Addis Abeba para trabalhar na União Africana e não na Embaixada de Moçambique acreditada na Etiópia, mas fora a Embaixada que me havia acolhido e disponibilizado uma casa. Quando o meu filho nascera, antes de completar 30 dias, recebi ordens da Embaixada para alugar a minha própria casa, já que eu estava afecto a União Africana. Tive que me reinventar e junto dos amigos angolanos e alguns moçambicanos, procuramos e encontramos uma casa, a qual nos mudamos antes do meu filho completar um mês de vida. Aí me sentei com a minha esposa e disse: esse miúdo é mesmo Maendaenda, o andante, o itinerante. E registamos o jovem com esse nome…

Conto-vos essa história por quatro motivos:


Primeiro Motivo – Mostrar a nova geração que vocês têm uma responsabilidade acrescida ao dar nomes aos vossos filhos. Cada nome tem o seu significado e o moçambicano vive a pedir emprestado nomes dos outros, e por vezes sem saber do significado. Um nome é, em si, uma identidade forte que abre e fecha portas. Um nome é uma personalidade, em si, que respira e fala. O nome, entanto que tal, ocupa espaço, tempo e exala sua própria fragrância.

Concentremo-nos, propositadamente, na selecção nacional de Futebol de Moçambique. Vocês vão concordar comigo que nomes como: Guambe, Bruno Langa, Zainadine, Francisco Simbine, José Casimiro, Canhembe, Miquissone são nomes típicos moçambicanos e alguns com valor ao nível da Africa Austral. Agora, Reinildo, Norberto, Danilo, Nené, Candinho, só para citar alguns, podem até ser confundidos com angolanos, portugueses, cabo-verdianos ou brasileiros.

Ainda a falar de nomes, tivemos a sorte de ter nomes peculiares de presidentes deste país: quando se diz Presidente SAMORA, Presidente Chissano, Presidente Guebuza, Presidente Nyusi, esses nomes são inconfundíveis. Esses nomes, por si mesmos, são suficientes para ocupar o seu próprio espaço, a sua própria história. São nomes que estão ligados às etnias moçambicanas.

A colonização portuguesa foi tão violenta, que chegou a amputar-nos até nos nomes, deixando gerações inteiras sem raízes por onde recorrer. E é assim que é normal apanhar um negro da minha aldeia chamar-se António Inácio António Barbosa; Manuel Pinheiro de Andrade Pires, Inácio Sarmento das Dores Mandioca e muitos outros sons que se confundem com os cooperantes vindos da península ibérica. E a mesma doença de imitação de nomes alheios carregamos para os nossos filhos. Se quisermos que a globalização seja um processo recíproco, cabe-nos a responsabilidade de nele participar com o nosso distintivo, as nossas peculiaridades, a começar pelos nomes, culturas e maneiras de ser-estar. Podemos adquirir novos hábitos, novas roupagens mas não nos devemos diluir em coisacas que só nos ‘agridem’ o imaginário africano. Que comamos cozido português, falemos russo-francês–alemão–inglês-e outras línguas ditas internacionais, mas que isso não nos tire a nossa africanidade, que ela é inegociável.

Quando uma moçambicana casa-se com um árabe, ela é que muda de nome. Quando um moçambicano casa-se com uma árabe, ele é que muda de nome. E quando é que eles hão-de mudar de nomes, imigrando para os nomes africanos?! Pensemos nisso. Sempre somos o João vai com todas, a Maria vai com todos.

Voltemos à mudança de nomes. No dia em que baptizei a minha filha com um nome típico sena - Wa-mwai, significando ‘de+sorte’ (uma pessoa de-com sorte), meio mundo virou-se contra mim, pondo em causa a decisão de um pai esclarecido e globalizado.

E nesse dia, escrevi no meu diário, o seguinte: De todas as ignorâncias, a pior é a de um indivíduo que não sabe das suas origens. Somos africanos, sim, mas como é que nos posicionamos perante os ‘African Values’ - os valores africanos?

Aceito que me chamem nomes portugueses, ingleses e outros, mas aos meus netos, faço esforço e questão em fazer entender aos meus filhos que há um imperativo de se romper com essa mentalidade escrava aos outros.


Segundo Motivo - Para vocês que cursaram relações internacionais e sonham representar este país por mundo fora, terão que se preparar para viver a vida de nomadismo, de nómados. Terão que ser MAENDAENDAS: andantes, itinerantes.

Muitos estudaram para ser diplomatas ou profissionais de relações internacionais. Nem todos serão diplomatas de carreira, no seu sentido restrito, mas o são e serão, no seu sentido lato. Um profissional da diplomacia exerce a função de representar o seu país perante outros países; é o agente encarregue para fortalecer os laços com órgãos governamentais e outros parceiros. O diplomata presta assistência aos seus concidadãos que vivem no país de acreditação. O Diplomata é a chave que ajuda a promover e divulgar a realidade multifacetada do país aos outros países. No tempo de eleições, o diplomata também chega a ajudar na organização das eleições para a comunidade moçambicana no exterior. O diplomata precisa de entender da política, porque ele é um dos porta-vozes dos políticos, da política do seu país, da região e do mundo.

O diplomata precisa, antes de tudo, estar disposto a encarar os desafios que a carreira impõe. Se trabalhar fora de Moçambique ou mudar de país a cada período de três a quatro anos não faz parte dos seus planos, então, essa profissão não é sua opção ideal.

Quer ser diplomata? Faça-se a seguinte pergunta: para além da língua portuguesa, que pensa que a domina, e a tua língua materna, quais são outras línguas que domina, fala razoavelmente ou tem inclinação para aprender?

Um diplomata sem línguas é como se fosse uma gravata pendurada numa camisa sem gola. É embaraçoso. É vergonhoso. Numa recepção, irá encontrar-se com o mundo inteiro, aí representado. Será perguntado e terá necessidade de perguntar. Em que língua irá conduzir essa conversa inesperada?! Caso não fale inglês, francês, espanhol, chinês, acabará por encontrar um canto da sala e fingir estar a contemplar, apreciar a arte, as paredes, o chão….

Invistam nas línguas, colegas, a começar por INGLES, a língua franca, a língua da globalização, a língua da INTERNET.

Na essência, caros graduados, ser diplomata é saber adaptar-se. Ser diplomata é procurar aprender, aprender e aprender mais e sempre. Aprender novas línguas. Aprender novas culturas. Adaptar-se a novas culinárias. Novos sabores. Um diplomata terá que saber cozinhar, e acima de tudo, saber fazer um prato típico do seu país. Ser diplomata é ser um espião autorizado num país estrangeiro, mas para isso, há que saber ser e estar. Há que ter um conhecimento enciclopédico. Há que ser água e adaptar-se a cada formato de vasos, de objectos. Ser a água que contorna obstáculos, que abre valas, que sulca a terra por debaixo e cria passagens invisíveis. Ser diplomata é ser um bom apreciador de vinho, de Gin, de scotch, mas sem ficar grosso e cambalear e chamar pela mamã, em plena Nova York, Madrid ou Luanda.


Terceiro Motivo – Hoje receberam os vossos diplomas. Depois da formatura, depois do fim do curso, há muitos desafios pela frente. Um dos vossos desafios é encontrar emprego. Para os que ainda não têm trabalho formal, irão a vários concursos, a várias entrevistas e, caso não tenham sorte, serão excluídos por excesso de conhecimento. Overqualified ones. Não se admirem quando isso acontecer. Por vezes, não se sabe ao certo para que servem os concursos públicos e vagas de emprego – alguns são para formalizar as pessoas já identificadas, outros, é para integrar os já integrados. E gente inocente é arrastada a concorrer para nada, vendendo sonhos em troca do vazio. Ouvi algures que alguém foi seleccionado para um determinado cargo, mas para começar a exercê-lo, teve que pagar o triplo do seu futuro salário. Pagar ou não pagar? A resposta a essa pergunta é o espelho da consciência do que queremos com este país. Condenamos a burocracia dos outros, mas toleramos a nossa. Condenamos a corrupção dos outros, mas toleramos a nossa. Quando a corrupção nos favorece, somos os dealers, somos os facilitadores. Even we use to say that we are well connected. Mas quando ela não nos favorece, os outros é que são corruptos, oportunistas. Repensemos sobre o que, de facto, queremos com o país que é nosso, com a sociedade a que pertencemos. Já são licenciados. A licenciatura verdadeira, meus caros, está a e por começar. Agora que têm o canudo nas mãos, o vosso futuro, caros doutores, vai depender do bom humor do vosso chefe, da boa vontade de um desconhecido, de uma desconhecida. O vosso chefe será a vossa nova disciplina, a vossa nova cadeira curricular. As matérias/disciplinas escolares serão substituídas por outros elementos do dia-a-dia: o chefe/a chefe, os colegas, os invisíveis, as ideologias partidárias, as leis que regem a sociedade, entre outros. Cuidado com o servente que vos receberá na instituição. Esse poderá ser muito mais influente do que qualquer outro colega da instituição, incluindo o próprio chefe. Há que terem a noção do PODER. Um simples estafeta poderá ter mais poder que um Director de Recursos Humanos. Há os que estão no poder e há os que têm o poder. Não se esqueçam desse ensinamento nas vossas vidas futuras, que é para saber com quem estarão a lidar no vosso dia-a-dia. Aqui me refiro ao PODER, entanto que a capacidade de decidir, de fazer as coisas acontecerem, de influenciar acções, situações, decisões, factos.

E o vosso nome terá o seu peso...

No início da minha apresentação, eu sublinhara que havia quatro motivos que me levavam a falar dos nomes dos meus filhos, e eis o Quarto Motivo:


O Instituto Superior de Relações Internacionais foi fundado em 1986, que é o prolongamento da escola diplomática que já vinha funcionando desde 1978, se a memória não me trai. Essa escola tinha sido concebida pelo então Ministro dos Negócios Estrangeiros, Joaquim Alberto Chissano, que era para dar banho diplomático, aliás, o ABC da diplomacia aos jovens e velhos que eram alistados para o serviço diplomático. Dizia eu que o ISRI foi fundado em 1986, e consigo ver, aqui, alguns estudantes do primeiro grupo: Dr Aly Jamal... Ele é o nosso TEN YEARS, é o símbolo das primeiras gerações de estudantes que estão a dar a sua contribuição a esta instituição de renome que produziu e continua a produzir quadros de dimensão internacional.

E permita-me também fazer uma menção muito especial ao Dr José Cunha, nosso-meu professor de Língua portuguesa. Doutores Jamal e Cunha são a memória institucional e minha vénia diplomático-intelectual para eles, que bem souberam carregar, nas costas, esta casa, desde a Avenida Julius Nyerere até aqui, ao Zimpeto.

Eu sou do segundo grupo do ISRI. Entrei em 1987. E ainda me recordo de alguns dos meus colegas da turma: João Machatine - o nosso coronel da altura. General João Américo Fumo - que depois do primeiro ano, preferiu abraçar o ramo empresarial. Belmiro Malate - o nosso Embaixador. Jorge Ferrão - nosso ex-Ministro de Educação e Desenvolvimento Humano e actual Reitor da UP. Daniel da Costa - o nosso escritor e que agora está no ramo empresarial. Eduardo Zaqueu - o nosso Ministro-Plenipotenciário da carreira diplomática, estando em destacamento no Município de Maputo, desempenhando as funções de Director de Relações Internacionais. A Irene Candango - que está nos Caminhos de Ferro de Moçambique. Jorge Tomo - um dos mais velhos da turma, que era Director Nacional no Ministério de Saúde. Celia Wing – a trabalhar nas organizações internacionais. Albertina MacDonald - que agora é Alta Comissária em Londres. Tarcísio Baltazar Buanahagy – Ministro-Plenipotenciário, em missão diplomática, em Bruxelas. Cristóvão Gemo - Cônsul em Cape Town, Africa do Sul. Júlio Buque - Director no Instituto Nacional de Comunicações. Nilza Machel – no Millennium BIM. Piedade Macamo - ex-Directora Adjunta do Tesouro no Ministério de Economia e Finanças e actualmente a trabalhar na Secretaria do Estado de Maputo. Bango – Linhas Áreas de Moçambique. Aberto Gomes – TDM. Frederico Sarguene – algures ainda neste Mocambique vasto. Fidelis kulipossa – Consultor na Administração Estatal e Função Pública. Sérgio Langa – no sector privado. Rodrigues Paruque – na Bolsa de Valores. Gregório de Sousa (timorense) - Chefe da Casa Civil na República de Timor-Leste. Olímpio Branco (timorense) – Embaixador de Timor Leste no Brasil. Nuno Tomás – Assessor do Presidente Chissano, na Fundação Joaquim Chissano. José de Oliveira – Ministro Conselheiro do MINEC. Domingos Fernandes – Alto-comissário de Moçambique em Botswana. Faizal Cassamo – Embaixador na Arábia Saudita. Milagre Macanrigue - Ministro-Plenipotenciário, em destacamento na Assembleia da Republica, desempenhando as funções de Assessor diplomático da Presidente da AR. Vicente Manuel de Jesus – com malas aviadas para Rússia, em missão diplomática. Norberto Celestino – no Sistema das Nações Unidas. Paulo Raviwa – Ministério de Economia e Finanças. José Vale Cassamo – Consultor Internacional. Éramos mais do que esse número, mas o espaço não dá para citar a todos.

Falando ainda de mudança de nomes – a criança que eu conheci e que tinha sido dado o nome de Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), já tem outro nome: Universidade Joaquim Chissano. Como já fiz menção, a mudança de um nome acarreta consigo um valor adicional e o SER passa a ter outro valor social. Gostaria de desafiar a instituição, aos futuros estudantes de Relações Internacionais, a escrever teses sobre a diplomacia de Joaquim Alberto Chissano, de Marcelino dos Santos, de Samora Machel, de Eduardo Mondlane. Que se registe quanto cedo o pensamento diplomático desses colossos da nossa Pátria. Não deixem que sejam os estrangeiros a fazer isso – façamos nós, primeiro, e que os outros consultem as nossas obras. Deixo esse desafio, essa proposta para a Instituição. E mesmo vocês, graduados, nas vossas futuras teses de mestrado ou doutoramento, estão aqui temas ainda virgens para serem explorados.

Eu estudei nesta casa. A minha tese de licenciatura em Relações Internacionais e Diplomacia foi: A DIPLOMACIA DO GOVERNO DE MOCAMBIQUE: 1975-1984. Confrontação versus Cooperação.

E numa das passagens do meu texto eu fazia alusão ao carácter peculiar do Chissano, o Diplomata, na sua qualidade de Ministro de Negócios Estrangeiros, em que ele funcionava como AGUA, para apagar o fogo que era atiçado pelo Presidente Samora Machel. Enquanto o Presidente Samora Machel incendiava com os seus discursos, o Ministro Chissano, valendo-se da sua calma e veia diplomática, era a água, e ia arrefecendo e acalmando os ânimos dos demais.

Olhando para essa mudança de nome e tendo em conta os propósitos que nortearam a criação desta instituição, não havia melhor nome que o de Joaquim Alberto Chissano, para PATRONO desta UNIVERSIDADE.


Caros graduados,


Prestando atenção aos vossos semblantes, através das janelas dos vossos olhos, que as máscaras não me permitem perfurar toda a vossa fisionomia facial, consigo perceber a felicidade e o alívio pairando sobre vocês. A licenciatura, o fim do curso, a graduação é mesmo um evento indescritível. Essa festa é para comemorar o último grau de vários sacríficos consentidos e o início de sonhos por sonhar, na área laboral e profissional. Chegou o dia do fim. Mas na verdade, é o dia do começo.

Imagino que alguns de vocês, que estão, hoje, a graduar-se, queriam desistir. Uns, por falta de confiança de seus potenciais; outros, por questões financeiras; e ainda outros, por vários motivos que a vida não pára de nos surpreender…mas a firmeza com que levaram os sonhos fez com que chegassem a este instante. E chegaram são e salvos. Vocês merecem uma salva estrondosa de palmas....Foram caminhadas difíceis. Com chuva e sol. Vento e poeira. Os pés doridos lutando com a areia nos sapatos ou escapando cobras visíveis e invisíveis. Assistência as aulas, por vezes, com estômagos vazios, ou com raiva deste e daquele professor. Indo para casa, a pé, poupando o único dinheiro que devia ser para as fichas ou para o jantar do dia seguinte. A incerteza de entregar o projecto de uma dada cadeira, que o computador do colega ainda estava em uso por outrem. A não ida à escola por falta de dinheiro de chapa ou à espera de uma boleia prometida mas que o colega se esqueceu de passar....

Valeu a pena? Sim, valeram a pena os dias de angústia, de cansaço, de tédio e exaustão. Valeu a pena cada momento vivido nessa louca correria em busca de um objectivo de se formar e ser válido para a família, a comunidade, a nação.

Têm o certificado e diploma nas mãos. E agora? Há que pensar no Mercado Laboral. Há os que já trabalham. E há os que estão a pensar, a partir da próxima semana, começar a distribuir os currículos pelas empresas, instituições. Tenho que vos alertar: por vezes, nossas instituições são insensíveis com os nossos intelectuais, com os nossos académicos, com os nossos quadros já formados. Não lêem os CVs. Lêem nomes, proveniências, a cor dos olhos, os tons da pele. Esses são os desafios do presente. Esses são as realidades que vão enfrentar dia a dia. Não será os dezoito, os dezanove ou a tese de licenciatura bem concebida que será a chave mestra para o bom emprego. Há outros critérios de avaliação, critérios subjectivos, critérios de outras índoles que não aprenderam em nenhuma escola. Preparem-se para começar outra maratona vivencial, em que as teorias aprendidas na escola valem, mas não são determinantes. Há que ter fé. Se conseguiram caminhar até aqui, eu penso que já estão preparados para muitas outras vicissitudes. Caros graduados. Eu não quero ser optimista afirmando que o mercado estará esperando por vocês….Apenas direi que o mercado está ai e cada um vai à luta para o conquistar. Sai-se de uma batalha e vai-se para outra.

Usando a linguagem política dos anos de 70, vocês já estão formatados, temperados e forjados para novas batalhas. Tiveram comandantes sérios para essa formação. E é hora para dizer obrigado aos Dr fulano, beltrano, sicrano, zutano, por vos dar as ferramentas necessárias, com as quais irão abrir novas portas, novos caminhos, novos oceanos.


Hoje é um dia muito especial para todos vocês, incluindo vossos professores, pais e amigos.

Para os pais, é o dia em que se confirma que o esforço feito em prol de uma boa educação para nossos meninos valera realmente cada gota de suor, cada lágrima, cada sorriso na construção do carácter de cada um desses cidadãos esclarecidos.

Caros Professores. Obrigado por esses académico-intelectuais para este Moçambique. Daqui, sairão personalidades, suas excelências de se tirar chapéu.

Chegado a este momento, permitam-me deixar alguns conselhos para os graduados:

1. Acreditem em vocês mesmos e valorizem-se. O mundo começa com o EU, e esse EU és tu, é você.

2. Valorizem o aprendizado que colheram durante esses anos de graduação.

3. Que a juventude em vocês seja eterna, e que o desejo de mudar o mundo saia da utopia e habite a realidade. Faça a tua parte, e cada um de vocês sabe o que é o errado e o certo. Proponha soluções e não espera que sempre sejam os outros a dizer o que deve ser feito. Faça valer a sua formação.

4. E por fim, lembrem-se sempre dos 5 W: Where, When, What, Who, Why. E adiciona-se a esses 5 W ao HOW.

Que o talento, a força de vontade e a persistência habitem em vocês.


I thank you very much, for your attention.


Mercy beacoup,

Muchas gracias,

Italiano(Grazie,(Gratzie) Alemão (Alemanha, Áustria)Danke

Afrikaans: "Dankie."

Árabe: "Chokrane Raisse

Chichewa: "Zikomo Kwambiri

Chinês: "Xièxie". Xiexienii

Indonésio: " Terima kasih "

Shona: "Waita" (singular) ou "Maita" (plural)

Swahili: "Asante" ou "Asante sana".

Zulu: "Ngiyabonga" (eu agradeço) ou "Siyabonga" (nós agradecemos)

Tankhuta maningui

kanimambo

Muito obrigado pela vossa atenção.

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